terça-feira, 20 de agosto de 2013

TELEFONE
Ele viajando. Ela sentada ao lado do telefone inquiete morde a mão de leve na ansiedade de vê-lo tocar. E o toque do telefone que a sustenta de pé no fim do dia


Sua voz mesmo distante a anima, suave... Sensual... Sussurrando no seu
ouvido palavras doces, ele lhe arranca tímidos sorrisos, sua voz  lhe
envolvendo por completo, aconchegando-a .

Ela pede:
--não desliga, repeti vai:
-- Ele diz:
-te amo!
Ela pede:
-- mas uma vez, vai só mais uma .
Ele diz:
-- Amo te, amo lhe por demais, mesmo longe só penso em ti o dia inteiro e te desejo loucamente. Ele afirma.
E ela do outro lado da linha acredita, suspira, saltando um – AI!
Mas bem no fundo, ela confessa a si mesmo ao se vê novamente sozinha com seus pensamentos;
“ Como é bom a ilusão, quando não se tem outra saída!


                                                      MARGARETH CUNHA


Um telefone toca num fim de tarde, começo de noite . . .

* Alô?
* Pronto.
Ele: - Voz estranha... Gripada?
Ela: - Faringite.
Ele: - Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites pra badalar.
Ela: - E se estivesse? Algum problema?
Ele: - Não, imagina! Agora, você é uma mulher livre.
Ela: - E você? Sua voz também está diferente. Faringite?
Ele: - Constipado.
Ela: - Constipado? Você nunca usou esta palavra na vida.
Ele: - A gente aprende.
Ela: - Tá vendo? A separação serviu para alguma coisa.
Ele: - Viver sozinho é bom. A gente cresce.
Ela: - Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.
Ela: - Evidente! Só faltava você continuar rebolando nas discotecas com as amigas.
Ele: - Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping,
comprar jóias, conversar ao telefone com as amigas durante horas.
. . . Silêncio . . .




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