domingo, 11 de maio de 2014

Queria saber se as flores ainda estão na varanda?
Se os passarinhos ainda fazem seus ninhos na velha arvore do quintal e se tem crianças para sentadas nas suas sombras?
Quem tem regado às margaridas?
É o pé de abacateiro deu fruto?
É o vento leve que entrava pela porta à tardinha, um cantinho simples com sentimento de tranquilidade devolvendo-me a sensação de felicidade, quando deitada no chão da sala ouvindo CHICO, GAL, GONZAGUINHA e outros mais ( sempre musicas de MPB).

Ainda venta sereno à tardinha?
Tem cheiro de bolo na cozinha? Era bom comê-lo no chá da tarde na varanda eu mesma fazia.
Lembro como era bom depois do banho, as sextas-feiras, após um dia de trabalho, sentar aqui nesta calçada e papeava com as vizinhas só um pouquinho, após ter passeado com meu bebe empurrando seu carinho ate a padaria do seu Chico para comprar pão doce fresquinho.

Eu nem sei, se a mangueira que eu plantei neste quintal, chegou a dá fruto.
E minhas pequeninas rosas rosinhas miudinhas, ainda enfeitam o jardim ou lado das grandes majestades  rosas brancas?

Passando por aqui pela calçada da minha primeira casinha, pós tantos anos, aqui neste momento parada em frente minha ex-casinha branca ( riso ) parece até que foi uma brincadeira de casinha, ela ainda continua branquinha, branquinha.

Penso: Como teria sido, se dali nunca estivesse saído?

Um cachorro late lembrando-me de minha velha vira-lata, pretinha e tão mansinha.

E as violetas ainda estão no jardim?

Penso: poderia ter sido diferente? Respiro fundo e deixo escapar um Não! Da minha boca e penso: Esta tudo no seu devido lugar!                 

                            Margareth Cunha.


De volta ao passado
Enquanto escrevo observo
O olhar de minha mãe
Antes brilhantes
E por vezes fulminantes
Mas sempre ternos
Acompanhando estrepolias
da sua filharada...
Agora ela apenas olha
Um programa na tv
Seu olhar parece cansado
Seu brilho de outrora
Transformou-se em cataratas
Ela já não enxerga quase nada
Apenas olha...e nem sempre vê
Em seus olhos anuviados
Uma história de bravura
Se esconde e adormece
Ela viaja em seu passado
E o olhar perdido
por instantes,
Reluz no seu verde esfuziante
Uma lágrima teimosa aparece
Ela a seca com seu lenço
Volta a olhar a tv ligada
Volta a olhar e a não ver...

Nane




A Língua de Nhem
Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...


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